Acelerar a Implementação do BIM

O Building Information Modeling (BIM) tem ganho um papel de destaque entre as metodologias de projeto e gestão que suportam o aumento da eficiência da indústria da construção. Contudo convém compreender que, segundo a nossa experiência e dos nossos clientes, as pessoas e os processos são extremamente mais importantes que a tecnologia.

Uma integração do BIM nos processos de uma empresa carece de uma análise cuidada da sua realidade, quer interna quer externa, que nos permita incorporar o BIM de uma forma natural no dia-a-dia das pessoas evitando a criação de barreiras à sua implementação.

 

Ao longo dos últimos 7 anos estive pessoalmente envolvido na implementação do BIM em construtoras, sendo que nos últimos dois anos suportamos implementações internacionais em grandes empresas de construção. Dinamizamos ainda ações técnicas de promoção do conceito, como o BIC2015, e ações reguladoras do BIM, estabelecendo protocolos de colaboração com várias entidades públicas como o Governo de Santa Catarina (Brasil) ou o LNEC (Portugal) assim como cooperando com a CT197.

 

Esta experiência e interação com pessoas com diferentes enquadramentos e nacionalidades tem-nos permitido compreender melhor o que é necessário para que uma implementação do BIM seja bem-sucedida.

 

Várias empresas internacionais e nacionais já iniciaram o processo de adoção de ferramentas de modelação 3D com o objetivo de promoverem o desenvolvimento de um projeto mais coordenado. Ora fazendo uso de uma alegoria, isso é comprar um Ferrari para andar a 90 km/h. Certamente que é interessante, mas não estamos a tirar proveito de todo o potencial do BIM.

 

Por outro lado, devemos evitar a “integração” de um Hollywood BIM nos processos das empresas. Com a democratização e proliferação de softwares BIM, começaram a surgir no mercado alguns que permitem a produção de sequências construtivas não dinâmicas. Porém uma obra é um ambiente dinâmico em constante mutação. Metodologias ou ferramentas que suportem o seu desenvolvimento devem permitir uma integração do projeto com custos e tempo de forma a conseguir-se uma atualização imediata de cenários que nos forneçam informação de suporte à tomada de decisão.

 

Empresas visionárias, como a Método Engenharia e a Edalco Engenharia, tomaram a decisão em 2014 de incorporar o BIM nos seus processos tendo em vista um aumento da coordenação do projeto e uma diminuição do risco ao nível do orçamento e planeamento. Para isso, foi estabelecido um plano estratégico de implementação composto por 5 etapas: Diagnóstico (análise aos processos atuais de forma a identificar oportunidades de melhoria), desenvolvimento de workflows e procedimentos BIM, formação (em processos e ferramentas), projeto simulado (a partir de informação de um projeto terminado tendo em vista a consolidação do conhecimento), e projeto real (orientado e com um processo paralelo de forma a avaliar-se os benefícios da implementação).

 

Assim, concluída a incorporação na Método Engenharia, a empresa conseguiu integrar, de uma forma colaborativa, os vários departamentos e a obra. Isto permite-lhe obter, de uma forma mais fidedigna e eficaz, medições, orçamentação, planeamento e controle com a vantagem que uma alteração em qualquer uma das áreas se repercute nas restantes.

É imperativo que a indústria da construção portuguesa acelere a adoção desta metodologia de forma a garantir a manutenção da sua competitividade num mercado cada vez mais globalizado onde o BIM já é uma realidade e uma obrigatoriedade em cada vez mais países.


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